‘O CARNAVAL E A CRUZ’

Por Marcio Cruz 
Adaptação: Faby Cardoso

‘O CARNAVAL E A CRUZ’

A minha prima dizia que o ex-presidente era bonitão

Meu primo queria andar de submarino nuclear

As minhas amigas querem viver em outro lugar

Eu só quero que o tal ex-presidente dê meu dinheiro de volta

‘E o coração não pensa quantas vezes eu quis me matar’.

Eu ainda me lembro dos meus seis anos de idade,

Meu primeiro contato com as grades,

Meu primeiro dia na escola, quanta vontade de ir embora.

Já esquecemos de tudo que se passou

Somos realmente subversivos?

Ou somos ouvidos mal treinados de uma nação tão cansada,

De uma cegueira litúrgica que nos cobre e imunda os olhos

‘Tristeza é o ato de não ser igual’

Ontem faltou água

Anteontem faltou luz,

E o que eu sinto muitas vezes pode não fazer sentido

Afinal, se alguma vez é falso ou fevereiro,

Pode ser a batalha do bem contra o mal

E de que lado você esta?

Hoje é sexta feira de carnaval
A cidade tem lotação dobrada

E até os vizinhos resolveram fazer xixi na minha calçada.

E pelas ruas laterais,

Dúzias e dúzias de casais,
Que transam à paisana com a luz do sol a queimar.

Mas, não é que a vida anda tão boa para o brasileiro?

Estão aprendendo até falar

E se a gente pensar assim, tem mais é que celebrar.